Auditoria de projetos
Introdução
No contexto da engenharia, a Auditoria de Projetos, também chamada de Design Review ou Cross Check, consiste em uma verificação de amplo espectro do projeto em diferentes disciplinas como mecânica, civil e estrutural. E, esta auditoria pode ser realizada em momentos distintos do ciclo de projeto de um determinado ativo, seja ele novo, em fase de concepção ou até mesmo já em operação.
Em estruturas e equipamentos de grande porte, a ocorrência de falhas pode implicar em acidentes de grandes proporções com impacto humano, ambiental, social e econômico. Em termos financeiros, um estudo da American Society of Safety Engineers [1] aponta que, a cada um dólar gasto em prevenção, três a seis dólares são poupados em perdas associadas, como é observado na Figura 1. Considerando os prejuízos de dano à propriedade, tal quantia poderá chegar a $50. Dessa maneira, o investimento em verificações de projeto tem o custo significativamente inferior quando se tem em mente o potencial de consequências danosas que um sinistro pode acarretar.
Etapas da Auditoria de Projeto
A auditoria complementa os serviços rotineiros de engenharia, identificando possíveis deficiências na concepção do projeto. Caso o serviço seja realizado considerando todo o ciclo de vida do ativo, pode-se atuar em cinco fases distintas, ilustradas na Figura 2.
1 – Suporte para elaboração de especificação técnica
É a primeira etapa do processo de auditoria, responsável por especificar as proponentes os requisitos de projeto como as normas que deverão ser observadas e as condições previstas ao longo de sua vida útil. Um erro de especificação na fase incipiente pode comprometer todas as demais etapas associadas e gerar sérios prejuízos.
O suporte técnico também permite ao cliente reunir toda documentação de engenharia que viabiliza a verificação de atendimento aos itens solicitados e eventuais correções de não conformidades identificadas. A partir dos dados gerados no processo, cria-se um banco de dados que admite a incorporação de lições aprendidas ao capital intelectual da empresa. Além disso, funciona como um mecanismo de proteção do cliente quanto a futuras demandas ou pleitos por parte dos concorrentes, por permitir a definição de premissas para execução do objeto de contratação.
2 – Avaliação técnica das proponentes
Após a elaboração da especificação técnica, é preciso fazer a avaliação crítica das proponentes, observando as empresas que são capazes de atender aos requisitos técnicos solicitados. A Kot poderá atuar com o suporte técnico ao cliente durante as reuniões de esclarecimento e equalização das proponentes, emitindo seu parecer técnico ao final do processo.
As etapas 1 e 2 são aplicáveis, portanto, à fase de concepção do projeto e poderão proporcionar os benefícios de mitigar os riscos de acidentes e o melhor nivelamento técnico entre os concorrentes do processo. Ademais, como no caso da especificação técnica, o cliente pode ser protegido de eventuais inconvenientes durante o fornecimento do ativo.
3 – Sugestões ao Projeto Conceitual Básico
A partir da sua experiência, a Kot poderá ainda atuar na fase conceitual e básica do projeto, verificando sua aderência à especificação técnica e apontando eventuais desvios identificados. O objetivo nesta fase continua sendo suportar o cliente com o auxílio técnico na interface com as proponentes, evitando divergências em futuras fases mais avançadas do projeto e consequentemente impactos nos custos e prazos por possíveis retrabalhos.
4 – Verificação estrutural e mecânica da engenharia detalhada
A etapa mais abrangente do estudo refere-se à avaliação da documentação técnica completa, contemplando desenhos de fabricação, lista de materiais e especificações do equipamento. Neste ponto, análises computacionais do ativo são executadas em busca da identificação de não conformidades mecânicas e estruturais, gerando e sugestões de otimização de projeto.
Um recente estudo conduzido pela Kot envolvia a verificação do projeto detalhado de pontes ferroviárias formadas por vãos metálicos que possuíam de 25 a 35 metros, para posterior fabricação na China. Após a realização de cálculos para verificação dos critérios de segurança, envolvendo análises como pseudo-estática da estrutura de aço, análise de flambagem de painéis e análise de fadiga devido à passagem do trem, alterações de projeto foram indicadas resultando em modificações da geometria dos enrijecedores. Os fatores de segurança preconizados pela norma foram mantidos e o peso da ponte foi reduzido em aproximadamente 50% no caso do vão de 35 metros, conforme apresentado na Figura 3.
No entanto, o fato mais comum observado na etapa de verificação do projeto refere-se aos casos de subdimensionamento, ou seja, quando os componentes não possuem robustez ou capacidade de desempenhar a função para a qual foram projetados. Nesses casos, há a adição de reforços ou modificações na concepção do projeto tendo em vista a integridade estrutural e mecânica do ativo. Um exemplo disso pode ser visto na Figura 4, que exibe a região do trailer onde o reforço foi proposto para reduzir o índice de utilização da estrutura, que superou o limite de norma para o caso da análise estática.
5 – Conferência dos reforços instalados
Finalizando a jornada de design review, as recomendações de melhorias propostas poderão ser validadas in loco, por engenheiros estruturais devidamente capacitados. É recorrente a constatação de práticas incorretas associadas à instalação de reforços, o que compromete as etapas anteriores, ainda que estas sejam realizadas segundo os critérios técnicos aplicáveis.
Na existência de desvios constatados em campo, serão propostas soluções para resolução das não-conformidades. Por outro lado, caso nenhuma divergência seja identificada, o ativo estará adequado aos requisitos do cliente.
Conclusão
Fica evidente que inúmeros benefícios são gerados pela realização da auditoria de projeto de estruturas e equipamentos e, quando comparado aos custos de um hipotético acidente, o seu custo é consideravelmente inferior. Além da questão financeira, as não conformidades de projetos podem gerar prejuízos ainda maiores, envolvendo vidas, problemas ambientais, além dos aspectos intangíveis relacionados ao branding.
O ideal é que a auditoria seja realizada com a máxima abrangência possível para reduzir ao máximo os riscos envolvidos no projeto. Dessa forma, a execução das cinco etapas apresentadas confere um maior grau de proteção para o cliente quanto a ocorrência de eventos não desejados. Porém, as limitações existentes em cada projeto podem impossibilitar a validação completa de todas as etapas e há possibilidade da contratação parcial da auditoria.
Entre em contato com o time de especialistas da Kot!
Equipe Kot Engenharia
Com mais de 30 anos de história e diversos serviços prestados com excelência no mercado nacional e internacional, a empresa promove a integridade dos ativos dos seus clientes e colabora nas soluções dos desafios de Engenharia. Para essa integridade, utiliza ferramentas para o cálculo, inspeção, instrumentação e monitoramento de estruturas e equipamentos.
Referências
[1] American Society of Safety Engineers. (2010). Reducing/Ignoring Workplace Safety Programs During Economic Downturn a Wrong Move for Business.
[2] MINE SAFETY AND HEALTH PROGRAM TECHNICAL STAFF (Colorado) (org.). Accidents – The Total Cost: a guide for estimating the total cost of accidents. Golden: Colorado School Of Mines, 2011. 29 p. Disponível em: https://www.mines.edu/emcis/wp-content/uploads/sites/185/2018/07/total-cost-of-accidents.pdf. Acesso em: 22 abr. 2021
[3] Acervo Kot Engenharia.
Deixe uma resposta